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Name: Allec Ribeiro.
Age: 21 years old.
Birthday: 08/06/1991.
Bio: I like videogames and old anime.

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[3/15/2013]


(Second daily drabble! Quite satisfied in that this one came a bit more quickly to me; that is, I didn't struggle so much to write it, which is why I am doing this in the first place: to stop requiring inspiration to write.)

Correu, os pés nus bem acostumados às telhas imundas daquela vila, com mais um dia de trabalho duro debaixo do braço. É claro, não o seu trabalho duro. Riu, pulando de telhado em telhado com facilidade. Ao passar por casas mais altas, fazia algum malabarismo ou abaixava as calças, caçoando os aldeões furiosos que mal conseguia ouvir. Sabia muito bem que qualquer aventureiro saído daquela vila jamais voltaria a pisar nela, e antes de sua chegada, tampouco havia uma milícia; sequer notava os jovens preguiçosos que os aldeões colocaram como suposta proteção. Morar naquela vila era fácil até demais!

— Mais sorte amanhã! — berrou antes de saltar para o bosque que cercava a vila, e sabendo que ninguém viria atrás dele, sorriu.

— Kite — disse a voz, calma e melodiosa, e o corpo do garoto gelou.

Olhou para cima e, com um suspiro, confirmou o óbvio: seu mestre o havia encontrado.

— Kite — repetiu seu mestre, sentado em um galho alto; apesar do que o garoto esperava, não parecia zangado, e sorria por baixo do capuz branco.

Kite não respondeu, mas ao tentar continuar andando, percebeu que seu mestre parecia estar sempre em um galho um pouco a frente de seus passos; sem escolha, se encostou em uma árvore e sentou.

— Dois meses — disse, falhando miseravelmente em colocar um tom zombeteiro na voz. — Demorou dessa vez, heim?

— Sim — concedeu ele. — Decidi que o deixaria sozinho por algum tempo.

Como desculpa para pensar no que queria perguntar, Kite pegou uma das baguetas na sacola com a cauda e deu uma boa mordida, mas no fim, sua pergunta era a mais simples de todas.

— Por quê?

De súbito, seu mestre saltou do galho e andou até ele. Por mais que detestasse admitir, Kite ainda achava impressionante como ele andava sem deixar pegadas, sem sequer mover a terra em que pisava. Queria aprender a fazer aquilo, mas então olhava para os seus pés grandes e desajeitados, com solas duras como couro, para as garras que tinha no lugar de unhas, para as escalas que cresciam em lugares aleatórios, e se lembrava do motivo de sempre fugir.

— Responda a minha pergunta primeiro.

Kite grunhiu algo, mas seu mestre permaneceu quieto, e longos minutos se passaram até que o menino se levantou. Era mais alto do que seu mestre, mais encorpado, mais monstruoso... a diferença entre os dois havia apenas aumentado com o tempo que passaram longe de um do outro. Somaliendiel era uma criança desde que Kite se entendia por gente, e provavelmente continuaria sendo uma criança para todo o sempre: seu manto branco para sempre brilharia sutilmente, seus cabelos loiros jamais deixariam de cair sobre seus olhos de um verde intenso, e seu olhar nunca deixaria de ser indecifrável. 


Somaliendiel era, ao mesmo tempo, seu pai e seu irmão, e às vezes Kite precisava se esquecer dele para continuar vivo, pois como, sendo o monstro que era, poderia se comparar à perfeição élfica?

É claro que nunca havia dito nada disso a ele.

É claro que nunca precisaria.

Ao invés de aguardar palavras, Somaliendiel apenas estendeu sua mão:

— Está pronto para continuar? — ele disse, como sempre dizia.

— Só depois de você dizer por que esperou dois meses pra me procurar.

Somaliendiel fechou os olhos por alguns segundos — e então:

— Porque achei que talvez você não quisesse ser encontrado.

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Por Allec Ribeiro às [4:29 AM]


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